AS MÃES E SUAS
CAVERNAS – Parte II
NOVO
PARTO (voltar ao mercado de trabalho).
No meu caso, aconteceu
várias coisas (marido reclamou, filho adoeceu, a logística para se ter apoio na
ausência gerava um custo financeiro e emocional alto) que depois numa roda de
conversa eu posso contar com mais detalhes.
O que eu sinto falta é
de uma sociedade mais atenta aos movimentos, queremos nosso espaço, temos
grande capacidade de nos reinventar. É absurdamente enorme o número de mulheres
que estão tentando empreender, abrir seu negócio próprio para ter seu espaço de
trabalho e ainda poder educar seus filhos.
Trabalho faz parte da
identidade do ser humano.
E eu fico me
perguntando onde os Direitos Humanos do nosso país fica gastando seu tempo.
Quantas mulheres são
assediadas moralmente em seus trabalhos quando são percebidas grávidas? Quantas
mulheres perdem seu bebê durante seu pré-natal porque não tem um acompanhamento
médico adequado? Quantas mulheres com filhos com dificuldades no
desenvolvimento e não conseguem ter uma orientação adequada? Ou até mesmo,
pagar uma ajuda especializada?
Realmente estamos
vivendo o CAOS interno pessoal e o CAOS de uma sociedade como um todo. Quem
deveria olhar para nossas dificuldades, está defendendo, lutando por quem?
Todos os movimentos
voltados para oferecer melhores caminhos para as mães, tem muitas dificuldades
para se estabelecerem.
Aproximando o problema
para mais perto de nós, quem são as primeiras a criticar ou invés de apoiar e
estender as mãos quando nos tornamos mães?
As próprias mulheres
são as primeiras a criticar outras mulheres, sem conhecer suas dificuldades e
histórias.
Comecei em julho de 2015
a compartilhar meus aprendizados e dificuldades de mãe de primeira viagem
através do meu blog no Facebook.
E no contato com as
crianças, de diferentes idades, através das oficinas criativas que promovi, eu
vi que precisava aproximar as mães.
Era necessário criar
uma rede de apoio.
O BRINCAR LIVRE virou
uma BANDEIRA pelo número assustador de receitas prontas para as crianças que vi
a minha volta.
As crianças precisam
de oportunidades para brincar e interagir com outras crianças além dos muros
das escolas.
Precisam também, de mães
que as dê colo, afeto e oportunidades de serem crianças.
Promovi o Encontro de
Mães de Bragança Paulista/SP em busca de SORORIDADE e disseminar a importância
dos cuidados com a primeira infância.
Foi além das minhas
expectativas a oportunidade de conhecer outras mães e profissionais preocupadas
com a primeira infância, mas ainda temos muito a fazer.
Mês passado, vi um
vídeo lindo nas redes sociais sobre a MULHER INVISÍVEL. É complicado realmente
ser mulher nessa sociedade machista e cruel.
O que precisamos entender que por
mais próximo que seja ser mulher x ser mãe x ser esposa: UMA COISA NÃO ESTÁ INTERLIGADA
A OUTRA, embora sejam sempre relacionados.
Todas as situações são
papéis que podemos ou não exercer em nossas vidas, o que na verdade acontece é
que ESTAMOS mães, como estamos esposas, como estamos do lar, como estamos
empreendedoras. São escolhas que fazemos no decorrer da vida.
Só que a dimensão que
se toma quando nos tornamos mães que o ESTAR passa a SER integralmente essencial
para a maioria das mulheres, assim como aumenta as expectativas do mundo a
nossa volta que espera que abracemos essa maternidade sem titubear.
A grande maioria de
nós precisa exercer outros papéis, como por exemplo, funcionária de algum lugar,
e criar um filho demanda horas e horas de dedicação.
Ë preciso um “VILA
INTEIRA PARA EDUCAR UMA CRIANÇA”.
E neste momento,
muitas mães sofrem porque precisam reduzir o tempo de dedicação aos filhos para
exercerem outros papéis importantes e neste momento precisam dividir com alguém
esse papel de cuidar, nutrir, dar colo.
Muitas mulheres
desistem integralmente de estarem mães e delegam seus filhos aos cuidados de
outras pessoas (através de doação, ou deixam na casa de algum parente ou deixam
em lugares públicos para alguém encontrar). Quem vai julgar? Muitos vão julgar,
mas poucos vão acolher aquela mãe com a sua criança ou somente a criança.
Com o surgimento dos
textos independentes na rede sobre que ser mãe é um trabalho invisível em
referência ao vídeo da mulher invisível, eu percebi que precisamos promover
mais encontros de mães, mais oportunidades de reflexão e que como Mamãe Levada estou
muito quieta no meu movimento de propagar uma maternidade consciente porque NÃO
É VERDADE que ser mãe é um trabalho invisível.
Cuidar de um filho é
uma escolha diária que fazemos.
Todos percebem se
estamos sendo boas mães ou mães negligentes.
Dá trabalho, exercer o
papel de mãe e outros papéis, com 100% de eficácia (saber o que fazer).
Nem sempre sabemos se
estamos fazendo certo. É complicadíssimo a rotina de cuidar e pior o “olhar do
outro”.
Aprendemos a ser mães,
a medida que o filho cresce e nós crescemos com eles, nesse dia a dia.
NÃO NASCEMOS MÃES, NOS
TORNAMOS MÃES.
Muitas vezes, é cômodo
as pessoas a nossa volta não valorizarem todos os nossos movimentos da mulher
que se torna mãe.
É o marido que se
acomodou no seu papel de provedor, que só reclama das tarefas domésticas não
concluídas, os parentes que sempre tem uma solução, mas não uma mão amiga. As
“amigas” que fingem te adorar e falam mal de você pelas costas e nunca estão
disponíveis na hora que você precisa.
TODAS NÓS passamos por
algumas situações parecidas e também fazemos isso com outras mães.
Muito PITACO, pouco
acolhimento.
Algumas sugerem
sutilmente suas fórmulas, outras com mais afinco. No início da gravidez eu
ficava brava, mas hoje me pego fazendo isso através do meu blog quando vejo
excesso de modismo na criação dos filhos se tudo que precisam é de atenção,
liberdade para brincarem e serem crianças.
NÃO TEM MALDADE NISSO.
Só que é o nosso ponto de vista.
O que precisamos
entender que não existe uma receita de bolo a seguir, mas se nós nos abrirmos a
história de vida de outras mães, entender que as VERDADES são verdades
individuais.
Que precisamos ter EMPATIA.
Que a troca de
informações é saudável.
E o MAIS IMPORTANTE, é
conhecermos nossas próprias FRAGILIDADES enquanto mães, mulheres.
Cabe a cada uma de
nós, buscarmos nossas verdades.
Será que estou
exercendo uma maternidade consciente, cuidadosa ou estou fechada dentro da
minha caverna?
Eu não estava
preparada para ter um filho por mais que pensasse que era o momento. VOCÊ
ESTAVA PREPARADA?
OLHE PARA DENTRO DE
VOCÊ!
O olhar do outro é só
um olhar.
Você entrou para
dentro da caverna e está na dúvida se sai ou não da zona de conforto ou
desconforto que se colocou?
A professora de filosofia Marilena Chauí
propõe uma maneira de refletir sobre o Mito da Caverna.
1) O que é a caverna? O
mundo de aparências em que vivemos.
2)
Quem
são as sombras projetadas no fundo da caverna? As
coisas que percebemos.
3)
Que
são os grilhões e as correntes? São nossos preconceitos e
opiniões, nossa crença de que o que estamos percebendo é uma realidade.
4)
Quem
é o prisioneiro que consegue sair? É o filósofo (Eu acrescento
que é a pessoa que entende que a zona de conforto é boa, mas que deseja novas
sensações e oportunidades).
5)
O que
é a luz do sol? É a luz da verdade.
6)
O que
é o mundo que aparece iluminado pelo sol? É a realidade.
7)
E
qual é o instrumento que liberta o prisioneiro rebelde e que ele deseja usar
para conceder a liberdade aos demais prisioneiros? É a
Filosofia.
Eu vou além, hoje
temos profissionais capacitados na psicologia, no coaching que podem nos ajudar
nessa jornada de se movimentar para dentro e para fora da caverna.
Porque muitas vezes
não percebemos quando estamos na CAVERNA, que as nossas VERDADES passam a ser
únicas.
E na interação com as outras pessoas, muitas
vezes nosso corpo começa a “gritar”, pedir socorro.
Quantas e quantas mães
entram em depressão nesse movimento de abrir mão da carreira e cuidar dos
filhos?
SOMATIZAMOS A MAIORIA
DAS NOSSAS QUESTÕES.
A vida vira de cabeça
para baixo.
Você já pensou nos
desconfortos físicos que sente?
Pois é! Você está na
caverna.
Acompanhe nosso blog e
vamos trocar ideias, refletir em grupos sobre as muitas facetas que se escondem
ou se descobre com a maternidade.
Ótima reflexão! Muita
luz na vida de vocês.
Até breve!
Mamãe Levada