sexta-feira, 17 de março de 2017

AS MÃES E SUAS CAVERNAS – Parte II



NOVO PARTO (voltar ao mercado de trabalho).


No meu caso, aconteceu várias coisas (marido reclamou, filho adoeceu, a logística para se ter apoio na ausência gerava um custo financeiro e emocional alto) que depois numa roda de conversa eu posso contar com mais detalhes.

O que eu sinto falta é de uma sociedade mais atenta aos movimentos, queremos nosso espaço, temos grande capacidade de nos reinventar. É absurdamente enorme o número de mulheres que estão tentando empreender, abrir seu negócio próprio para ter seu espaço de trabalho e ainda poder educar seus filhos.

Trabalho faz parte da identidade do ser humano.

E eu fico me perguntando onde os Direitos Humanos do nosso país fica gastando seu tempo.

Quantas mulheres são assediadas moralmente em seus trabalhos quando são percebidas grávidas? Quantas mulheres perdem seu bebê durante seu pré-natal porque não tem um acompanhamento médico adequado? Quantas mulheres com filhos com dificuldades no desenvolvimento e não conseguem ter uma orientação adequada? Ou até mesmo, pagar uma ajuda especializada?

Realmente estamos vivendo o CAOS interno pessoal e o CAOS de uma sociedade como um todo. Quem deveria olhar para nossas dificuldades, está defendendo, lutando por quem?

Todos os movimentos voltados para oferecer melhores caminhos para as mães, tem muitas dificuldades para se estabelecerem.

Aproximando o problema para mais perto de nós, quem são as primeiras a criticar ou invés de apoiar e estender as mãos quando nos tornamos mães?

As próprias mulheres são as primeiras a criticar outras mulheres, sem conhecer suas dificuldades e histórias.

Comecei em julho de 2015 a compartilhar meus aprendizados e dificuldades de mãe de primeira viagem através do meu blog no Facebook.





E no contato com as crianças, de diferentes idades, através das oficinas criativas que promovi, eu vi que precisava aproximar as mães.

Era necessário criar uma rede de apoio.

O BRINCAR LIVRE virou uma BANDEIRA pelo número assustador de receitas prontas para as crianças que vi a minha volta.

As crianças precisam de oportunidades para brincar e interagir com outras crianças além dos muros das escolas.

Precisam também, de mães que as dê colo, afeto e oportunidades de serem crianças.

Promovi o Encontro de Mães de Bragança Paulista/SP em busca de SORORIDADE e disseminar a importância dos cuidados com a primeira infância.



Foi além das minhas expectativas a oportunidade de conhecer outras mães e profissionais preocupadas com a primeira infância, mas ainda temos muito a fazer.




Mês passado, vi um vídeo lindo nas redes sociais sobre a MULHER INVISÍVEL. É complicado realmente ser mulher nessa sociedade machista e cruel.

O que precisamos entender que por mais próximo que seja ser mulher x ser mãe x ser esposa: UMA COISA NÃO ESTÁ INTERLIGADA A OUTRA, embora sejam sempre relacionados.

Todas as situações são papéis que podemos ou não exercer em nossas vidas, o que na verdade acontece é que ESTAMOS mães, como estamos esposas, como estamos do lar, como estamos empreendedoras. São escolhas que fazemos no decorrer da vida.

Só que a dimensão que se toma quando nos tornamos mães que o ESTAR passa a SER integralmente essencial para a maioria das mulheres, assim como aumenta as expectativas do mundo a nossa volta que espera que abracemos essa maternidade sem titubear.

A grande maioria de nós precisa exercer outros papéis, como por exemplo, funcionária de algum lugar, e criar um filho demanda horas e horas de dedicação.

Ë preciso um “VILA INTEIRA PARA EDUCAR UMA CRIANÇA”.



E neste momento, muitas mães sofrem porque precisam reduzir o tempo de dedicação aos filhos para exercerem outros papéis importantes e neste momento precisam dividir com alguém esse papel de cuidar, nutrir, dar colo.

Muitas mulheres desistem integralmente de estarem mães e delegam seus filhos aos cuidados de outras pessoas (através de doação, ou deixam na casa de algum parente ou deixam em lugares públicos para alguém encontrar). Quem vai julgar? Muitos vão julgar, mas poucos vão acolher aquela mãe com a sua criança ou somente a criança.

Com o surgimento dos textos independentes na rede sobre que ser mãe é um trabalho invisível em referência ao vídeo da mulher invisível, eu percebi que precisamos promover mais encontros de mães, mais oportunidades de reflexão e que como Mamãe Levada estou muito quieta no meu movimento de propagar uma maternidade consciente porque NÃO É VERDADE que ser mãe é um trabalho invisível.

Cuidar de um filho é uma escolha diária que fazemos.



Todos percebem se estamos sendo boas mães ou mães negligentes.

Dá trabalho, exercer o papel de mãe e outros papéis, com 100% de eficácia (saber o que fazer).   

Nem sempre sabemos se estamos fazendo certo. É complicadíssimo a rotina de cuidar e pior o “olhar do outro”.

Aprendemos a ser mães, a medida que o filho cresce e nós crescemos com eles, nesse dia a dia.

NÃO NASCEMOS MÃES, NOS TORNAMOS MÃES.

Muitas vezes, é cômodo as pessoas a nossa volta não valorizarem todos os nossos movimentos da mulher que se torna mãe.

É o marido que se acomodou no seu papel de provedor, que só reclama das tarefas domésticas não concluídas, os parentes que sempre tem uma solução, mas não uma mão amiga. As “amigas” que fingem te adorar e falam mal de você pelas costas e nunca estão disponíveis na hora que você precisa.

TODAS NÓS passamos por algumas situações parecidas e também fazemos isso com outras mães.

Muito PITACO, pouco acolhimento.

Algumas sugerem sutilmente suas fórmulas, outras com mais afinco. No início da gravidez eu ficava brava, mas hoje me pego fazendo isso através do meu blog quando vejo excesso de modismo na criação dos filhos se tudo que precisam é de atenção, liberdade para brincarem e serem crianças.

NÃO TEM MALDADE NISSO. Só que é o nosso ponto de vista.

O que precisamos entender que não existe uma receita de bolo a seguir, mas se nós nos abrirmos a história de vida de outras mães, entender que as VERDADES são verdades individuais.

Que precisamos ter EMPATIA.

Que a troca de informações é saudável.

E o MAIS IMPORTANTE, é conhecermos nossas próprias FRAGILIDADES enquanto mães, mulheres.

Cabe a cada uma de nós, buscarmos nossas verdades.

Será que estou exercendo uma maternidade consciente, cuidadosa ou estou fechada dentro da minha caverna?

Eu não estava preparada para ter um filho por mais que pensasse que era o momento. VOCÊ ESTAVA PREPARADA?

OLHE PARA DENTRO DE VOCÊ!

O olhar do outro é só um olhar.

Você entrou para dentro da caverna e está na dúvida se sai ou não da zona de conforto ou desconforto que se colocou?



A professora de filosofia Marilena Chauí propõe uma maneira de refletir sobre o Mito da Caverna.

     1)     O que é a caverna? O mundo de aparências em que vivemos.
2)            Quem são as sombras projetadas no fundo da caverna? As coisas que percebemos.
3)            Que são os grilhões e as correntes? São nossos preconceitos e opiniões, nossa crença de que o que estamos percebendo é uma realidade.
4)            Quem é o prisioneiro que consegue sair? É o filósofo (Eu acrescento que é a pessoa que entende que a zona de conforto é boa, mas que deseja novas sensações e oportunidades).
5)            O que é a luz do sol? É a luz da verdade.
6)            O que é o mundo que aparece iluminado pelo sol? É a realidade.
7)            E qual é o instrumento que liberta o prisioneiro rebelde e que ele deseja usar para conceder a liberdade aos demais prisioneiros? É a Filosofia.


Eu vou além, hoje temos profissionais capacitados na psicologia, no coaching que podem nos ajudar nessa jornada de se movimentar para dentro e para fora da caverna.

Porque muitas vezes não percebemos quando estamos na CAVERNA, que as nossas VERDADES passam a ser únicas.

 E na interação com as outras pessoas, muitas vezes nosso corpo começa a “gritar”, pedir socorro.

Quantas e quantas mães entram em depressão nesse movimento de abrir mão da carreira e cuidar dos filhos?

SOMATIZAMOS A MAIORIA DAS NOSSAS QUESTÕES.

A vida vira de cabeça para baixo.

Você já pensou nos desconfortos físicos que sente?

Pois é! Você está na caverna.

Acompanhe nosso blog e vamos trocar ideias, refletir em grupos sobre as muitas facetas que se escondem ou se descobre com a maternidade.

Ótima reflexão! Muita luz na vida de vocês.



Até breve!

Mamãe Levada