domingo, 26 de junho de 2016

"É uma fase, e vai passar"
Acredito que todas as mamães já escutaram essa frase.
Vejo que todos, sempre tem uma receita de como criar nossos filhos e máximas para nos dizer sempre que estamos cansadas, estressadas, sem saber como mudar o cenário.
Eu mesma estou aqui, compartilhando da minha experiência e acabo dando dicas...rsrsr
Meu filho não me deu trabalho nos dois primeiros anos de vida, até sofrer a primeira separação com a ida para o colégio.
Eu me preocupei tanto com a segurança, limpeza, espaços para brincar, como se dá os primeiros socorros, qual era o tamanho da sala e disposição dos móveis, que esqueci de me assegurar quem seria a professora do meu filho e quais eram seus valores.
Foi um período que ele adoeceu por 4 meses e eu também, até conseguir convencer meu marido que não era loucura de mãe tirá-lo daquele lugar, mas que fazia parte da saúde de nossa família.
Eu não dei conta, como não dou conta dos sorrisos amarelos que ainda encontro. Acredito que quem escolhe cuidar, acolher, proteger uma criança tem que pensar nos profissionais que contrata.
A professora era “tão boa” profissional que não passou daquele ano no colégio.
Por isso é importante criarmos conexão com nossos filhos desde o seu nascimento.

A mãe precisa ir além do que as pessoas da família, amigos ou até especialistas dizem, é preciso criar uma conexão com seu filho (a).
Quando se cria uma conexão, a maternidade se torna mais confortável ou não.  (Caso a pensar)
Para mim, foi importante essa conexão, até porque nos primeiros dias me perdi (na amamentação) por falta de orientação profissional adequada, mas ainda assim as coisas se desenvolveram bem, ele era muito tranquilo.
Depois que criei a conexão com meu filho e isso se deu através do tempo que passamos juntos e da observação do seu comportamento, eu sabia quando eu poderia seguir meus instintos e quando eu, realmente, precisava de ajuda profissional, ao invés de ficar testando as receitas/recomendações da família.

Os bebês falam com a gente através dos seus gestos e sons que emitem.


Será que sabemos reconhecer esses sons?

Todos os bebês choram da mesma forma até os três meses, em qualquer lugar do mundo e em qualquer raça.

Ou seja, eles seguem um padrão primitivo de choro, baseado em reflexos, que é a forma do bebê dizer o que está precisando para a mamãe ou adulto de referência.

Em geral, se seu bebê tem fome ele vai:

1.   Colocar a língua para fora;
2.    Virar de lado e pôr a cabeça para trás;
3.   Franzir os lábios;
4.    Trazer a mão à boca e sugar, o que também pode ser apenas sinal da necessidade de sucção, típica de bebezinhos;
5.   Arquear o tronco (como se ele estivesse procurando o peito da mamãe);
6.    Mexer a cabeça para frente e para trás quando você está segurando o bebê com a cabecinha apoiada no seu ombro;
OBS: Sugar/chupar a própria língua é sinal de que ele está se acalmando sozinho, mais do que sinal de fome. Essa é uma forma de o bebê tranquilizar a si mesmo.

Normalmente, quando seu bebê está cansado, ele vai:
1.   Mexer a cabeça de um lado para o outro;
2.   Dar chutes descoordenados com a perna;
3.   Fixar o olhar, sem piscar ou mexer os olhos. Sinal de que ele está mesmo muito cansado ou então, pode ser que tenha sido estimulado demais;
4.   Mexer os bracinhos descoordenadamente, podendo até agarrar sua própria orelha ou bochechas (sinal de muito, muito cansaço);
5.   Esfregar os olhos e as orelhas;
6.   Ter os olhinhos avermelhados;
7.   Bocejar;
OBS: Se você tenta mostrar algum objeto e ele vira o rosto, pode ser que ele apenas queira mudar de cenário ou posição. Se estiverem no seio, podem enterrar a cabeça por baixo dos seios, como se quisessem se isolar do mundo.
Importante: Coçar a orelha pode também ser um sinal de infecção se vier acompanhada de febre. Sempre tire a temperatura, antes de colocá-lo para dormir.

Quando seu bebê está com gases, ele pode:
1.   Franzir o rosto;
2.   Ficar rígido, todo esticadinho;
3.   Puxar as pernas em direção ao peito;
OBS: Se o desconforto é por fralda suja, podem ficar contorcendo o corpo, movendo o bumbum de um lado para o outro. Se for por frio, a pele pode ficar arrepiada, as extremidades azuladas, o lábio inferior tremendo, ter calafrios. Se for por calor, a pele fica grudenta e suada.

Quando seu bebê for estimulado demais, ele provavelmente vai:
1.   Virar a cabeça para longe da luz;
2.   Virar a cabeça ao contrário da pessoa que esteja tentando brincar com ele;
3.   Fixar o olhar num ponto qualquer, sem piscar (se ele está há tempo sem dormir, isso pode ser sinal de cansaço).
OBS: Um bebê que vira o rosto para a mamãe ou outra pessoa precisa de um descanso do contato visual. A partir dos dois meses, os bebês tentam quebrar o contato com os adultos toda a vez que se sentirem sobrecarregados ou muito estimulados. É importante que os pais não tentem forçar o contato com o bebê neste momento em que ele precisa de um tempo para si. Quando ele estiver disposto a “socializar” novamente, seja receptivo.

Teorias, teorias, práticas de outra mamãe, mas o que você realmente pode e deve fazer?


Sinta seu bebê. Existem diferenças nos tipos de choros que ele emite, e ficamos confusas. O importante é deixar a interação acontecer. O instinto materno sempre é mais forte.

Siga seus instintos.

Parece que as coisas acontecem sempre nas madrugadas ou nos fins de semana que não tem pediatra de plantão, por isso siga sempre a máxima de não automedicar seu bebê e logo na segunda-feira leve ao pediatra, se tiver dúvidas.

A medida que eles crescem, essa fase passa, é o que a maioria das pessoas dizem, mas vem outra fase, mais outra fase e assim sucessivamente outras fases.

É um ciclo interminável de fases, mas é muito enriquecedor a oportunidade de acompanhar essas etapas do desenvolvimento do filho.

A mãe que trabalha fora precisa realmente contar com a ajuda de alguém que ama cuidar de bebês porque é um processo no desenvolvimento da criança muito importante.

Não se entristeça ou queixe, se seu filho faz conexão com outra pessoa, quando você está cuidando de sua carreira.

Importante para se ter um bebê saudável é que ele tenha criado conexão com um adulto, que ele se sinta protegido deste mundo novo que surge ao sair da barriga da mãe.

Criar conexão é um processo dia a dia.    



Então, só 30 minutos de bilu-bilu por dia não bastam para criar conexão. O afeto e o apego se constroem justamente na partilha dos detalhes cotidianos. Em mil olhares, em gestos banais, nos banhos, nas papinhas, no brincar sem pressa. São as pequenas conversas não verbais do dia a dia que constroem a relação com os filhos.

Se para você mãe e/ou pai é importante participar das fases da vida do seu filho, terá se levantar mais cedo ou adiar parte do trabalho, para depois que o filho adormecer.

Terá que pôr a mão na massa, em vez de delegar todos os cuidados.

Criar conexão é para uma vida toda.

Só a convivência permite conhecer e responder rapidamente aos anseios da criança. A dedicação permite entender o bebê e aproveitar as oportunidades de conexão.

O segredo é sair do piloto automático e conversar com a bebê cantar para ele, ler um livro, acariciá-lo. Não basta trocar a fralda, é preciso estar com o pensamento voltado para aquela atividade e não para a próxima tarefa do dia.

A rotina do bebê com a mãe e/ou pai fortalece a flexibilidade ante os imprevistos e impermanências. É como uma “poupança” para momentos difíceis ou de distância: nestas horas seu filho terá a segurança do vínculo com você.

Mamãe Levada defende a primeira infância porque é uma fase muito curta e é a base emocional de um adulto.


É a fase em que o filho estabelece os padrões afetivos, em que ele aprende sobre o que é o amor e o apego. Por isso é importante estar por perto.
A proximidade gera um espaço emocional seguro para experimentar e, eventualmente, errar, sob a certeza da aceitação e do acolhimento. É estando perto que podemos ser quem somos e aprender juntos – tanto os pais quanto os filhos. A proximidade possibilita também reconhecer os sinais que seu filho dá sobre as suas necessidades mais urgentes. Quem está mais perto dos filhos pode ajudá-los mais, porque identifica esses momentos.

A primeira infância deixa marcas nas maneiras de aprender e apreender o mundo, e acompanhar este processo, criar conexão, revela a você as peculiaridades da inteligência do seu filho e alguns caminhos pelos quais ele sente, filtra e interpreta o mundo.


Então, é só uma fase... e você mamãe e papai precisarão fazer uma escolha importante.

domingo, 12 de junho de 2016

Feche seus olhos e pense
No tempo de sua infância

Desde meu último post fiquei pensando nos meus brinquedos e brincadeiras da infância.

A lembrança da minha boneca Suzy que tinha uma bicicleta e da mini máquina de costura. Lembrei de uma mini panela de ferro que fiz meu primeiro arroz papado...rsrs



Sinto que eles tenham ficado para trás. Pena que a maioria de nós não guarda seus brinquedos significativos da infância.

A gente muda de casa, de cidade, de estado civil e não dá para sair carregando tudo, mas eles dizem tanto de nós, da nossa história, da nossa infância.

Importante destacar a diferença de brinquedo e brincadeira:

ü Brinquedo é um substantivo, um objeto que serve para ação de brincar.
ü Brincadeira é ato ou efeito de brincar.
ü E brincar é o verbo, a ação.

O brincar é algo tão espontâneo, tão natural, tão próprio da criança, que é difícil entender a vida de uma criança sem brincar, brincadeiras e um brinquedo.

É importante ressaltar que brincar não é apenas uma atividade natural. É, sobretudo, uma atividade social e cultural. Desde o começo, o brincar é uma forma de relacionar-se, de estar com. 

E o brinquedo é uma forma de encontro com o mundo físico e social.

Por isso, a criança que não tem acesso aos brinquedos comerciais, elas constroem seus próprios brinquedos.

O brincar é tão importante que muitas teorias foram criadas e suas diretrizes são utilizadas na Educação.

A Declaração Universal dos Direitos da Criança (aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas em 1959), no artigo 7º, ao lado do direito à educação, enfatiza o direito ao brincar: “Toda criança terá direito a brincar e a divertir-se, cabendo à sociedade e às autoridades públicas garantir a ela o exercício pleno desse direito.”

“A brincadeira favorece a autoestima das crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui, assim, para a interiorização de determinados modelos de adulto, no âmbito de grupos sociais diversos. Infelizmente, ainda, nem todas as crianças tem este direito assegurado quando elas não têm acesso à educação, à saúde, enfim, aos direitos integrais básicos de proteção e de garantia de cidadania. Uma das grandes violações a que nossas crianças são submetidas é o trabalho infantil, quando milhares de crianças deixam de ir à escola e ter seus direitos preservados, e trabalham desde a mais tenra idade na lavoura, campo, fábrica, casas de família e nas ruas, muitos deles sem receber remuneração alguma. ”  (Fonte: Fundação Abrinq)

Estou falando um pouco da teoria para que possamos pensar porque nossas crianças brincam tão pouco.

O quanto você brincou, diz do adulto que você é hoje.

Já pensou nisso???

Eu brinquei muito até meus 10 anos, depois lembro que passei a ter muitas responsabilidades como filha mais velha.

Mas minha infância foi recheada de brincadeiras sozinha ou em grupo, muitas brincadeiras de imaginação, não tinha tantos brinquedos estruturados. Eles só chegavam no natal na minha casa.

Adorava brincar de amarelinha, bambolê, elástico, pique esconde, rouba a bandeira, queimada, birosca, de heroína e bingo (embora nunca ganhasse nada).

Adorava brincar de teatro e faz de conta. Adorava usar os saltos e maquiagem da minha mãe.

Adorava pintar telas, cerâmicas e tecido para presentear minha família.

Adorava brincar de Cinco Marias, Jogo da Velha, de WAR, Imagem em Ação, etc.

E você? Quais são as lembranças do brincar?
Precisamos reavivar essas histórias, brincadeiras e brinquedos porque a infância atual pede isso.

Quem tem filhos se perde no excesso de ideias sobre como criar filhos, todo mundo tem um palpite, fico impressionada com os radicalismos que leio.

Acredito que se fizermos essa viagem para dentro da gente, poderemos contribuir mais assertivamente com nossos filhos, sobrinhos, filhos dos amigos.

Precisamos cuidar dessas crianças, precisamos dar a elas essa oportunidade que deveria ser natural, mas que está cada vez mais restrita.

Escuto mães falarem que brincar só na escola, a casa não pode ficar bagunçada.

Tem pais que dizem que precisam preparar o filho para ter sucesso profissional, então crianças de 3 anos na aula de inglês, fazendo terapia porque não se comportam dentro do padrão esperado pela família.

Diante de tantos radicalismos, bom que encontramos pessoas bacanas, fazendo pesquisas e nos alertando sobre a importância de valorizarmos as crianças e o brincar.

Tem um pessoal que eu curto e acompanho o trabalho que é o Território do Brincar.



O projeto Território do Brincar é um trabalho de escuta, intercâmbio de saberes, registro e difusão da cultura infantil. Entre abril de 2012 e dezembro de 2013, os documentaristas Renata Meirelles e David Reeks, acompanhados de seus filhos, percorreram o Brasil. Eles visitaram comunidades rurais, indígenas, quilombolas, grandes metrópoles, sertão e litoral, revelando o país através dos olhos de nossas crianças. Renata e David registraram as sutilezas da espontaneidade do brincar, que nos apresenta a criança a partir dela mesma. Em cada encontro surgiam intensas trocas e diálogos, por meio de gestos, expressões e saberes que foram cuidadosamente registrados em filmes, fotos, textos e áudios. Um intercâmbio onde pesquisadores e crianças se encontraram no fazer e no brincar, sempre aprendendo um com o outro.

Precisamos de projetos assim para nos aproximar da infância.

Só pensando e repensando sobre o brincar poderemos construir uma sociedade de adultos mais conscientes do seu espaço e do outro.

Vamos nos engajar! Escreva nos contando sobre suas brincadeiras da infância.