Feche seus olhos e pense
No tempo de sua infância
Desde meu último post fiquei pensando nos
meus brinquedos e brincadeiras da infância.
A lembrança da minha boneca Suzy que tinha uma bicicleta e
da mini máquina de costura. Lembrei de uma mini panela de ferro que fiz meu
primeiro arroz papado...rsrs
Sinto que eles tenham ficado para trás. Pena que a maioria
de nós não guarda seus brinquedos significativos da infância.
A gente muda de casa, de cidade, de estado civil e não dá
para sair carregando tudo, mas eles dizem tanto de nós, da nossa história, da
nossa infância.
Importante destacar a diferença de brinquedo e
brincadeira:
ü Brinquedo é um substantivo, um objeto que serve para ação
de brincar.
ü Brincadeira é ato ou efeito de brincar.
ü E brincar é o verbo, a ação.
O brincar é
algo tão espontâneo, tão natural, tão
próprio da criança, que é difícil entender a vida de uma criança sem brincar,
brincadeiras e um brinquedo.
É importante ressaltar que brincar não é apenas uma
atividade natural. É, sobretudo, uma atividade social e cultural. Desde o começo,
o brincar é uma forma de relacionar-se, de estar com.
E o brinquedo é uma forma de encontro com o mundo físico e
social.
Por isso, a criança que não tem acesso aos brinquedos
comerciais, elas constroem seus próprios brinquedos.
O brincar é tão importante que muitas teorias foram
criadas e suas diretrizes são utilizadas na Educação.
A Declaração Universal dos Direitos da Criança (aprovada
na Assembleia Geral das Nações Unidas em 1959), no artigo 7º, ao lado do
direito à educação, enfatiza o direito ao brincar: “Toda criança terá direito a
brincar e a divertir-se, cabendo à sociedade e às autoridades públicas garantir
a ela o exercício pleno desse direito.”
“A
brincadeira favorece a autoestima das crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições
de forma criativa. Brincar contribui, assim, para a interiorização de
determinados modelos de adulto, no âmbito de grupos sociais diversos. Infelizmente,
ainda, nem todas as crianças tem este direito assegurado quando elas não têm
acesso à educação, à saúde, enfim, aos direitos integrais básicos de proteção e
de garantia de cidadania. Uma das grandes violações a que nossas crianças são
submetidas é o trabalho infantil, quando milhares de crianças deixam de ir à
escola e ter seus direitos preservados, e trabalham desde a mais tenra idade na
lavoura, campo, fábrica, casas de família e nas ruas, muitos deles sem receber
remuneração alguma. ” (Fonte: Fundação
Abrinq)
Estou falando um pouco da teoria para que possamos pensar
porque nossas crianças brincam tão pouco.
O quanto
você brincou, diz do adulto que você é hoje.
Já pensou nisso???
Eu brinquei muito até meus 10 anos, depois lembro que
passei a ter muitas responsabilidades como filha mais velha.
Mas minha infância foi recheada de brincadeiras sozinha ou
em grupo, muitas brincadeiras de imaginação, não tinha tantos brinquedos estruturados.
Eles só chegavam no natal na minha casa.
Adorava brincar de amarelinha, bambolê, elástico, pique
esconde, rouba a bandeira, queimada, birosca, de heroína e bingo (embora nunca
ganhasse nada).
Adorava brincar de teatro e faz de conta. Adorava usar os
saltos e maquiagem da minha mãe.
Adorava pintar telas, cerâmicas e tecido para presentear
minha família.
Adorava brincar de Cinco Marias, Jogo da Velha, de WAR,
Imagem em Ação, etc.
E você?
Quais são as lembranças do brincar?
Precisamos reavivar essas histórias, brincadeiras e
brinquedos porque a infância atual pede isso.
Quem tem filhos se perde no excesso de ideias sobre como
criar filhos, todo mundo tem um palpite, fico impressionada com os radicalismos
que leio.
Acredito que se fizermos essa viagem para dentro da gente,
poderemos contribuir mais assertivamente com nossos filhos, sobrinhos, filhos
dos amigos.
Precisamos cuidar dessas crianças, precisamos dar a elas
essa oportunidade que deveria ser natural, mas que está cada vez mais restrita.
Escuto mães falarem que brincar só na escola, a casa não
pode ficar bagunçada.
Tem pais que dizem que precisam preparar o filho para ter
sucesso profissional, então crianças de 3 anos na aula de inglês, fazendo terapia
porque não se comportam dentro do padrão esperado pela família.
Diante de tantos radicalismos, bom que encontramos pessoas
bacanas, fazendo pesquisas e nos alertando sobre a importância de valorizarmos
as crianças e o brincar.
Tem um pessoal que eu curto e acompanho o trabalho que é o Território do Brincar.
O projeto Território do Brincar é um trabalho de escuta,
intercâmbio de saberes, registro e difusão da cultura infantil. Entre abril de
2012 e dezembro de 2013, os documentaristas Renata Meirelles e David Reeks,
acompanhados de seus filhos, percorreram o Brasil. Eles visitaram comunidades
rurais, indígenas, quilombolas, grandes metrópoles, sertão e litoral, revelando
o país através dos olhos de nossas crianças. Renata e David registraram as
sutilezas da espontaneidade do brincar, que nos apresenta a criança a partir
dela mesma. Em cada encontro surgiam intensas trocas e diálogos, por meio de
gestos, expressões e saberes que foram cuidadosamente registrados em filmes,
fotos, textos e áudios. Um intercâmbio onde pesquisadores e crianças se
encontraram no fazer e no brincar, sempre aprendendo um com o outro.
Precisamos de projetos assim para nos aproximar da infância.
Só pensando e repensando sobre o brincar poderemos
construir uma sociedade de adultos mais conscientes do seu espaço e do outro.
Vamos nos engajar! Escreva nos contando sobre suas
brincadeiras da infância.
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