domingo, 12 de junho de 2016

Feche seus olhos e pense
No tempo de sua infância

Desde meu último post fiquei pensando nos meus brinquedos e brincadeiras da infância.

A lembrança da minha boneca Suzy que tinha uma bicicleta e da mini máquina de costura. Lembrei de uma mini panela de ferro que fiz meu primeiro arroz papado...rsrs



Sinto que eles tenham ficado para trás. Pena que a maioria de nós não guarda seus brinquedos significativos da infância.

A gente muda de casa, de cidade, de estado civil e não dá para sair carregando tudo, mas eles dizem tanto de nós, da nossa história, da nossa infância.

Importante destacar a diferença de brinquedo e brincadeira:

ü Brinquedo é um substantivo, um objeto que serve para ação de brincar.
ü Brincadeira é ato ou efeito de brincar.
ü E brincar é o verbo, a ação.

O brincar é algo tão espontâneo, tão natural, tão próprio da criança, que é difícil entender a vida de uma criança sem brincar, brincadeiras e um brinquedo.

É importante ressaltar que brincar não é apenas uma atividade natural. É, sobretudo, uma atividade social e cultural. Desde o começo, o brincar é uma forma de relacionar-se, de estar com. 

E o brinquedo é uma forma de encontro com o mundo físico e social.

Por isso, a criança que não tem acesso aos brinquedos comerciais, elas constroem seus próprios brinquedos.

O brincar é tão importante que muitas teorias foram criadas e suas diretrizes são utilizadas na Educação.

A Declaração Universal dos Direitos da Criança (aprovada na Assembleia Geral das Nações Unidas em 1959), no artigo 7º, ao lado do direito à educação, enfatiza o direito ao brincar: “Toda criança terá direito a brincar e a divertir-se, cabendo à sociedade e às autoridades públicas garantir a ela o exercício pleno desse direito.”

“A brincadeira favorece a autoestima das crianças, auxiliando-as a superar progressivamente suas aquisições de forma criativa. Brincar contribui, assim, para a interiorização de determinados modelos de adulto, no âmbito de grupos sociais diversos. Infelizmente, ainda, nem todas as crianças tem este direito assegurado quando elas não têm acesso à educação, à saúde, enfim, aos direitos integrais básicos de proteção e de garantia de cidadania. Uma das grandes violações a que nossas crianças são submetidas é o trabalho infantil, quando milhares de crianças deixam de ir à escola e ter seus direitos preservados, e trabalham desde a mais tenra idade na lavoura, campo, fábrica, casas de família e nas ruas, muitos deles sem receber remuneração alguma. ”  (Fonte: Fundação Abrinq)

Estou falando um pouco da teoria para que possamos pensar porque nossas crianças brincam tão pouco.

O quanto você brincou, diz do adulto que você é hoje.

Já pensou nisso???

Eu brinquei muito até meus 10 anos, depois lembro que passei a ter muitas responsabilidades como filha mais velha.

Mas minha infância foi recheada de brincadeiras sozinha ou em grupo, muitas brincadeiras de imaginação, não tinha tantos brinquedos estruturados. Eles só chegavam no natal na minha casa.

Adorava brincar de amarelinha, bambolê, elástico, pique esconde, rouba a bandeira, queimada, birosca, de heroína e bingo (embora nunca ganhasse nada).

Adorava brincar de teatro e faz de conta. Adorava usar os saltos e maquiagem da minha mãe.

Adorava pintar telas, cerâmicas e tecido para presentear minha família.

Adorava brincar de Cinco Marias, Jogo da Velha, de WAR, Imagem em Ação, etc.

E você? Quais são as lembranças do brincar?
Precisamos reavivar essas histórias, brincadeiras e brinquedos porque a infância atual pede isso.

Quem tem filhos se perde no excesso de ideias sobre como criar filhos, todo mundo tem um palpite, fico impressionada com os radicalismos que leio.

Acredito que se fizermos essa viagem para dentro da gente, poderemos contribuir mais assertivamente com nossos filhos, sobrinhos, filhos dos amigos.

Precisamos cuidar dessas crianças, precisamos dar a elas essa oportunidade que deveria ser natural, mas que está cada vez mais restrita.

Escuto mães falarem que brincar só na escola, a casa não pode ficar bagunçada.

Tem pais que dizem que precisam preparar o filho para ter sucesso profissional, então crianças de 3 anos na aula de inglês, fazendo terapia porque não se comportam dentro do padrão esperado pela família.

Diante de tantos radicalismos, bom que encontramos pessoas bacanas, fazendo pesquisas e nos alertando sobre a importância de valorizarmos as crianças e o brincar.

Tem um pessoal que eu curto e acompanho o trabalho que é o Território do Brincar.



O projeto Território do Brincar é um trabalho de escuta, intercâmbio de saberes, registro e difusão da cultura infantil. Entre abril de 2012 e dezembro de 2013, os documentaristas Renata Meirelles e David Reeks, acompanhados de seus filhos, percorreram o Brasil. Eles visitaram comunidades rurais, indígenas, quilombolas, grandes metrópoles, sertão e litoral, revelando o país através dos olhos de nossas crianças. Renata e David registraram as sutilezas da espontaneidade do brincar, que nos apresenta a criança a partir dela mesma. Em cada encontro surgiam intensas trocas e diálogos, por meio de gestos, expressões e saberes que foram cuidadosamente registrados em filmes, fotos, textos e áudios. Um intercâmbio onde pesquisadores e crianças se encontraram no fazer e no brincar, sempre aprendendo um com o outro.

Precisamos de projetos assim para nos aproximar da infância.

Só pensando e repensando sobre o brincar poderemos construir uma sociedade de adultos mais conscientes do seu espaço e do outro.

Vamos nos engajar! Escreva nos contando sobre suas brincadeiras da infância.


Nenhum comentário:

Postar um comentário