domingo, 5 de junho de 2016

O que é esse brincar que você está falando?

Quando um bebê nasce, ele não tem ainda maturidade emocional e motora para “existir” sozinho.
 O vínculo afetivo contribui com uma boa porcentagem para o alcance das conquistas diárias.



A ideia do Brincar Livre é o adulto não interferir diretamente na descoberta da atividade autônoma livre do brincar da criança, porém cabe a ele estar disponível, proporcionar um ambiente tranquilo e seguro, organizar e realizar a rotina de cuidados (como alimentação, vestuário, banho, auxílio no sono, etc.) com muito respeito e atenção ao modo de expressão da criança, para que possa acolher toda a demanda emergente.
Eu não me recordo da minha mãe brincando comigo, afinal enquanto eu crescia ela estava grávida e cuidado dos meus irmãos.
Acredito que seja uma realidade das famílias com muitos filhos.
Entretanto, o brincar era permitido.  Tínhamos quintal e se o quintal não existisse podíamos com supervisão de um adulto explorar a rua em frente a nossa casa.
O quarteirão das casas que morei eram o meu mundo para explorar.
Também tinha a casa dos vizinhos que algumas vezes era permitindo ir e se divertir.
Éramos meio ciganos, a medida que o padrão de vida do meu pai melhorava, nós mudávamos de casa.
Lembro que essas mudanças também faziam com que eu aprendesse sobre perder e ganhar.
A lembrança que tenho de um brinquedo estruturado que eu gostava e brinquei muito foi com minha boneca Suzy que tinha uma bicicleta e também uma mini máquina de costura que eu montava roupas para ela, imitando minha mãe com sua máquina de costura.
Entretanto, a maioria das minhas brincadeiras vinham da minha imaginação fértil, onde as pedras, galhos de arvores, pedaços de tecido e papel ganhavam vida.
O brincar é muito mais que os brinquedos, é uma oportunidade de descobertas, encantamentos e elaboração do mundo externo e interno.
Infelizmente, essa liberdade de criar, de se encantar com o lúdico tem ficado distante.
Os brinquedos que antes ganhavam vida, hoje pela quantidade muitas vezes ficam jogados de lado, não dá tempo para criar estórias, vínculo com aquele brinquedo.
Outras crianças nem tem tempo para o brincar e seus brinquedos porque tem uma agenda repleta de atividades e o brincar fica resumido ao ambiente escolar que é na maioria das vezes um brincar direcionado e cronometrado.
Brincar anda perdendo espaço e muitas vezes não percebemos isso.
Precisamos refletir sobre as oportunidades de brincar que nossos filhos estão tendo.

Brincar é o melhor caminho para uma educação integral. Seus benefícios para a criança incluem o desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e de valores culturais, bem como a socialização e o convívio familiar. Quando uma criança brinca, ela entra em contato com suas fantasias, desejos e sentimentos, conhece a força e os limites do próprio corpo e estabelece relações de confiança (vínculos positivos) com o outro. No momento em que está descobrindo o mundo, ao brincar, testa suas habilidades e competências, aprende regras de convivência com outras crianças e com os adultos, desenvolve diversas linguagens e formas de expressão e amplia sua visão sobre o ambiente ao seu redor. Embora a infância seja a idade do brincar por excelência, brincar não é uma atividade exclusivamente infantil. Pessoas de todas as idades brincam e, quanto mais os adultos mantêm sua disposição lúdica, mais criativos são e mais capazes se tornam para a brincadeira infantil.

É nesse sentido que ao criar o Espaço Mamãe Levada, eu pensei no modelo da brinquedoteca que surge como um ambiente preparado para desenvolver atividades lúdicas, tendo como objetivo estimular a criança ao brincar, sobretudo em contato com diferentes tipos de jogos e brincadeiras. É um espaço, portanto, de diversão e aprendizado.
A atividade lúdica proposta no nosso espaço fornece às crianças uma oportunidade de desenvolvimento, seja ele cognitivo, motor, social ou afetivo, pois a criança ao brincar interage com outras crianças, estimulando a criatividade, a autoconfiança, a autonomia e a curiosidade, o que garante uma maturação na aquisição de novos conhecimentos.
Precisamos todos criar espaços de brincar em nossas casas ou criar oportunidades para que nossas crianças brinquem.
Precisamos aprender a brincar com nossos filhos.
Precisamos deixar que nossos filhos brinquem com outras crianças.
Vejo muitos métodos sendo divulgados, como deve ser o quartinho do bebê, como ele deve se alimentar, etc.  Algumas posturas muito interessantes, outras nem tanto. Em outro momento vou falar disso.
Acredito que o mais importante é que nós pais, precisamos ter em mente que precisamos nos permitir ter qualidade de tempo com nossos filhos.  Nossos filhos não querem brinquedos, eles querem a gente junto deles, brincando com eles.
Feche seus olhos e pense no tempo de brincar da sua infância que foram significativos para você.  Tenho certeza que foram aqueles momentos que seu pai ou sua mãe, ou seu avô ou avó, ou seu tio ou tia, ou até mesmo o seu cuidador (babá/adulto de referência) desceram a sua altura e brincaram com você por um minuto que seja.
Acredito que dá até para ouvir o som das risadas deles.
Suas palavras, seu amor, sua brincadeira é a conexão que seu filho precisa.
Precisamos investir na Primeira Infância.

É esse brincar que Mamãe Levada está falando.

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